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Comer e rezar


A comida portuguesa é para comer rezando. Não à toa a origem dos doces remete às freiras, que usavam as gemas dos ovos para preparar deliciosas iguarias. Cada cidade tem seu doce típico e provar cada um desses faz parte do roteiro gastronômico das cidades.

Em Belém, não há escapar dos famosos pastéis. Não peça apenas um, deixe a gula falar mais alto.

Na pequena cidade de Alcobaça, além de visitar o famoso mosteiro de guarda os restos mortais de D. Pedro e Inês de Castro, há uma pequena loja de doces do outro lado da rua chamada Alcôa, a mais tradicional da cidade. A casa faz os doces mais clássicos de Portugal desde 1957 e tem vários quitutes que ganharam prêmios em concursos. Os doces seguem a receita dos Monges de Cister que habitaram a região de Alcobaça. Além do já conhecido pastel de nata, há o Divina Gula, o Segredo de D. Pedro, o Diário de Inês o Torresmo do Céu, o Fradinho, o Bolo Rei, Manjar do Deuses, entre outros.

Seguindo a rota dos doces, me esbaldei com uma deliciosa encharcada, num pequeno hotel na vila medieval de Reguengos de Monsaraz, situada na fronteira com a Espanha. Em 2007, a cidade minúscula com pouquíssimos habitantes, venceu na categoria “Aldeias Monumento” do concurso 7 Maravilhas de Portugal. O doce era incrível e a vista de tirar o fôlego.

Aveiro, com suas simpáticas casas coloridas e com os moliceiros- uma espécie de gôndola lusitana -, reserva ao amante da boa mesa os tradicionais ovos moles. E se você der mole, acaba comendo e comendo.

Para fazer a sesta e repousar um pouco após tanta comilança, que tal encostar a cabeça num Travesseiro de Sintra? Perca algumas horas visitando o Castelo da Pena e mordiscando essa iguaria.

Perto do Porto, mais ao norte do país, há uma cidade chamada Ovar. Além de abrigar o “Oxalá”, um dos restaurantes mais fantásticos da região, você pode voltar no tempo e saborear um pão de ló (lembranças da minha avó...), acompanhado de uma boa xícara de café, ou de uma boa taça de vinho, já que o lugar tem uma das adegas mais fantásticas que já vi.

Doces de todos os tipos, todas as formas, texturas e sabores, mas a base é sempre ovo. É raro comer algo feito à base de chocolate. Se você der de cara com a Bola de Berlim, não pense que ela foi a bola usada na Copa da Alemanha. Nada mais é que o nosso famoso sonho.

Depois de provar tantas coisas, escolhi o meu favorito: o leite creme, primo português do crème brûlée. Comi em diversos restaurantes do país. Mas para mim, o imbatível foi num restaurante chamado “ A Celeste”, frequentado por turistas e surfistas na praia de Nazaré.

Ir a Portugal é fazer um passeio na gastronomia conventual. Dietas só depois da viagem. Cada doce criado pelas mãos das freiras é um convite ao pecado. É comer, rezar e engordar. Faz parte...

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