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Pararatibum bum bum

Após a goleada brasileira sobre os espanhóis na malfadada Copa de 1950, no Maracanã, a torcida celebrou a vitória por 6 a 1 cantando em uníssono a marcha de Braguinha, intitulada "Touradas em Madrid".

Diz a letra da marcha de João de Barro:

Eu fui às touradas de Madri e conheci uma espanhola natural da Catalunha

Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro à unha

Caramba, caracoles, sou do samba,

Não me amoles para o Brasil eu vou partir

Isso é conversa mole para boi dormir

Estava em Madrid, precisava assistir ao dantesco espetáculo. Fui, mas tomei um olé do touro. A Arena estava fechada. A temporada taurina na capital espanhola começa em março e termina em meados de outubro.

Mas se não pude assistir o covarde duelo entre os aclamados toureiros e os combalidos animais, consegui fazer um tour em "Las Ventas", uma das praças de touros de mais importante do mundo. É o Maracanã desse "esporte" amado e odiado pelo povo da Espanha.

A verdade é que algumas cidades, como Barcelona, por exemplo, aboliram as touradas. Madrid ainda respira sangue, flores e glória. O local é fantástico e vale a pena ser visitado. A arena lembra muito um cenário de rodeio, mas ao olhar para as arquibancadas vazias, você se sente acuado como se a qualquer momento um animal fosse invadir o espaço para te dar uma corrida.

Me imaginei de capa e espada, domando touros, fugindo deles e sendo ovacionado pela plateia. Fiz o papel de touro, enquanto minha mulher usava sua capa vermelha imaginária para me ludibriar. Ouvi os gritos das moças apaixonadas, me abaixei para pegar as flores lançadas e saí carregado pela multidão.

A maior recompensa para os grandes toureiros é sair pela "Puerta Grande" nos braços do povo. No interior da Plaza de Las Ventas, construída em 1929, há inúmeras fotos e cartazes dos maiores toureiros que o país já viu. Lembro que na infância tinha um daqueles quadros clássicos de toureiros em meu quarto.

A grandiosidade da arena impressiona. Las Ventas é a terceira Plaza com maior capacidade no mundo, após o Monumental do México e a Plaza de Toros em Valência (Venezuela). A construção é feita de tijolos, em uma estrutura metálica, com uma decoração à base de azulejos cerâmicos. Realmente é uma construção fantástica e digna de vários registros.

No lado externo da arena, há várias estátuas que fazem homenagem a diferentes toureiros, como José Cubero Sánchez 'El Yiyo', o último o morto por uma chifrada na Espanha. Outros certamente levaram chifradas, com duplo sentido, mas não mancharam seus "trajes de luces" com as entranhas do animal.

Numa analogia com o futebol, essas estátuas lembram a do Bellini, só que numa versão mais mórbida. Também é possível visitar o local onde os touros aguardam para entrar em cena, a enfermaria (provavelmente muito movimentada em dias de festa) e dar uma bisbilhotada nas cabeças dos animais abatidos no Museu Taurino. Se você quiser reservar seu bilhete, acesse: https://lasventastour.com/pt/

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