Para alguém apaixonado por futebol como eu, conhecer o Camp Nou era um sonho. Já comecei a ficar emocionada só de passar de ônibus na frente do estádio.
Do lado de fora, várias barraquinhas vendendo produtos falsificados do Barça (não é só no Brasil...). O Neymar, que tinha acabado de ser contratado, era a principal estrela das camisas e das faixas.
Separamos um dia para fazer o tour pela sala de troféus, arquibancadas, sala de coletiva, vestiários e gramado. O estádio é beeeem antigo...as rachaduras e pintura gasta denunciam. Tanto que há um projeto de reforma em andamento para modernizá-lo. Mais do que na hora...
O tour, claro, termina numa imensa loja, com tudo o que você possa imaginar do Barcelona - desde camisas até batata frita. São 3 andares de tentação. Impossível sair de lá sem passar a torcer pelo time de Messi.
Mas o passeio não terminou com final feliz. Tinha separado várias comprinhas e quando cheguei no caixa, fui procurar minha nota de 100 euros que estava na minha bolsa e...cadê??? Tinha sumido!! Tenho quase certeza de que alguém colocou a mão na minha bolsa e eu, encantada com tudo, nem percebi. Portanto, fiquem atentos!! Não é só no Brasil que tem "mão leve" não...
Minha reação foi literalmente sentar e chorar. Fiquei ali no chão da loja por uns 20 minutos. Todos que passavam ficavam olhando, mas eu não me conformava. Afinal, 100 euros são 500 reais!!! (na época menos, mas ainda bastante dinheiro). Desolada, devolvi minhas comprinhas e saí com um guarda-chuva do Barça na sacola...
Recuperada da perda, dias depois voltamos ao Camp Nou, desta vez para assistir ao jogo contra o Elche, pelo campeonato espanhol. Infelizmente não tivemos a chance de ver Messi jogar ao vivo, pois ele estava lesionado.
Domingo de futebol é um passeio completo para os espanhois. O estádio fica dentro de um complexo de entretenimento, com várias lanchonetes, restaurantes, parquinho para crianças, e, claro, a loja surreal de 3 andares. Os torcedores passam o dia ali, chegam bem cedo e esperam lá mesmo a hora do jogo.
Acredite se quiser, mas a torcida do Elche compareceu. E era bastante animada! Cruzamos com alguns na entrada e registramos o otimismo.
Só não levamos fé no frio. Sem dúvida, foi um dos dias em que passei mais frio na vida. O vento gelado que batia no estádio fazia os lábios tremerem.
Esperávamos que as arquibancadas, lotadas, também tremessem, mas qual não foi nossa surpresa ao perceber que a torcida assiste ao jogo sentada, sem maiores demonstrações de emoção. Fica apenas um indivíduo, provavelmente chefe de torcida, com um alto-falante gritando "Barça! Barça!". Os torcedores só se manifestam quando há perigo de gol - "ooooh" - e quando a bola entra. Aí eles levantam e aplaudem. Só.
Xingar o juiz? Nem pensar!! Alexandre ensaiou alguns palavrões, mas logo desistiu ao ver vários espanhois olhando pra ele de cara feia. As mães dos árbitros europeus pelo menos são poupadas...
O time do Elche era tipo o Olaria. Coitados, os caras não conseguiam chegar nem perto do gol.
O placar foi o esperado - 4 a 0. No final, a torcida em peso pega o metrô para voltar pra casa. Tudo na mais absoluta organização. Quer saber? Já senti mais emoção em jogos do Carioca...
